26 fevereiro 2006

Ordem para demolir


Como já disse anteriormente, não sou filiado em nenhum partido político. Às vezes sinto-me de esquerda, outras vezes de direita. Depende das estações, dos meses, das semanas, dos dias e, por vezes, da hora do dia.
Nas últimas eleições autárquicas (de 9 de Outubro de 2005) não votei PS. Isto de se “sintrizar” o Concelho, “passando por cima” de ribeiras, de cabos de alta tensão e, sobretudo, do direito de todas as crianças em brincarem em espaços verdes e de lazer é coisa muito, muito feia. Está fora de moda e dá muito nas vistas, neste novo século (pós-moderno?).
Na semana passada saiu, no Diário da República (III Série, n.º 39, de 23 de Fevereiro), um concurso público da CMO, assinado pela Dr.ª Susana Amador e tendo como objecto a “demolição de construções abarracadas, ilegais, monoblocos e pré-fabricados, bem como de pequenas obras e escoramento de coberturas nos casos de risco. A empreitada compreende também o emparedamento, mudanças de haveres, mudanças de fechaduras e outras pequenas e médias intervenções, tanto nas construções precárias como no património habitacional municipal existente no concelho de Odivelas” (p. 4046).
Entretanto, já amanhã vão começar a ser demolidas as primeiras barracas por detrás da Igreja da Sagrada Família de Nazaré (confluência das ruas Domingos Sequeira e Alfredo Roque Gameiro, Odivelas), por iniciativa do Departamento Municipal de Habitação (ver foto). Trata-se de uma situação degradante, muito próxima da Av. Prof. Doutor Augusto Abreu Lopes, que se prolongava há muitos anos e pedia uma intervenção urgente (consta que inicialmente prevista para Setembro de 2005).
Serão isto sinais de que o estilo de gestão da Câmara Municipal está a mudar? Será que após o primado do betão virá o primado da reabilitação urbana, da integração social, do ambiente e da cultura? Estaremos todos atentos, seguramente.