22 janeiro 2006

Duas notas prévias (I)


Muito se escreverá neste espaço sobre urbanismo em Odivelas (e também em geral), como não poderia deixar de ser. O autor não tem pressa – há tanto a dizer – e pede alguma paciência aos leitores. Mas gostaria, desde já e em tom de preâmbulo, de fazer dois apontamentos prévios. Eis o primeiro:
Uma das desgraças de Portugal é a mentalidade anti-urbana (e anti-suburbana, por tabela). O comum dos mortais encara, em geral, a cidade como algo nefasto, horrível, cinzento, deprimente. O lisboeta (em sentido metropolitano) típico o que é que tem, ou gostaria de ter? Uma casita na terra, no pinhal, no Alentejo, no Algarve ou até mesmo no Brasil! Essa sim é, ou seria, a sua casa do coração. A casa na cidade é quase sempre encarada como “para desenrascar”. “As cidades não são para se viver os melhores anos das nossas vidas, são para se sobreviver”. Essa mentalidade, nada cosmopolita, leva a procura por habitação urbana a ser, muitas vezes, pouco exigente em termos qualitativos no que se refere ao parque edificado e ao espaço urbano envolvente. E a oferta nem sempre a esforça como poderia e deveria, também por culpa de muitos promotores / construtores que também partilham, e contribuem para, essa visão tão negra das coisas. Em Portugal existe uma espécie de nivelamento por baixo na construção das cidades (e não só, infelizmente). Poucos são os promotores / construtores, os citadinos e os autarcas que acreditam que as cidades podem ser espaços de grande qualidade de vida, que em muitos casos depende de pequenos pormenores de desenho urbano, como sejam a orientação solar dos edifícios, o desenho dos arruamentos ou o respeito pela característica dos sítios. Já alguém reparou que cada vez se fazem menos praças?

1 Comments:

At 1:52 da manhã, Blogger Maria Máxima Vaz said...

E as que havia, enchem-nas de carros e até, pasme-se, de rulotes!!

 

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