Um belo panorama
Quando, em 1295, D. Dinis fundou o Mosteiro de Odivelas, o panorama era excelente. Há cinquenta anos, talvez não fosse muito diferente da descrição apresentada por Manuel Bernardes Branco (op. cit., pp. 23-24):
“Ergue-se o apparatoso e vistoso convento d’Odivellas n’um logar d’onde actualmente [1886] se avistam alguns edifícios e templos, e que seria no reinado d’el-rei D. Diniz um vasto deserto, mas não charneca, a ponto de por ali apparecerem ursos no tempo d’este monarcha.
Ao norte viam as lindas freirinhas d’Odivellas Caneças, logar de Montemor, da Beja, e algumas terras de Carnide.
Ao nordeste enxergavam Friellas, Povoa de Santo Adrião, e uma parte de Loures e d’Unhos.
Se, porém, quizessem espairecer a vista a sul, desfructavam Porcalhota, parte de Bemfica, convento das freiras de Carnide, parte de Bellas e o alto de Queluz.
A este podiam contemplar o Lumiar, Ameixoeira, Paço do Lumiar, e parte da Charneca”.
Esta curiosa descrição sugere que o urso terá aparecido a D. Dinis, não na Cidade de Beja (Alentejo) como é habitualmente aceite (cf., por exemplo, Manuela Maria Justino Tomé, op. cit., p. 13), mas no lugar de Beja (actual A-da-Beja, no Concelho da Amadora). Cita também a famosa Porcalhota, eternizada pelo actor Ribeirinho n’O Pai Tirano, ou Amadora, na toponímia actual. Que lindo seria: o Concelho da Porcalhota!
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