21 outubro 2007

A cidade radiosa (IX)



A "Cidade Radiosa" está de volta! Hoje vou falar de um dos edifícios mais emblemáticos e interessantes de Odivelas, conhecido localmente por "Hotelcar".
Trata-se de um grande bloco de apartamentos, composto por quatro edifícios independentes assentes sobre pilotis e acedidos por um terraço-rua. Este último desenvolve-se sobre um embasamento com garagens e é servido por duas escadas que permitem passar do espaço público (a rua propriamente dita) para o espaço semi-público formado pelo citado terraço, onde existem também algumas lojas. O edifício "Hotelcar" possui ainda outro traços arquitectónicos eminentemente modernos, nomeadamente, uma fachada com um tratamento algo livre e cobertura com terraços-jardim.
Apesar das marquises que o descaracterizam parcialmente, o edifício em estudo mantém aquela pose fascinante dos grandes blocos que dominam a paisagem e que permitem uma certa permissividade entre os espaços públicos e os espaços privados de uso público. Localiza-se, aliás, num local de grande simbolismo para a Cidade de Odivelas: a fronteira entre um espaço urbano mais tradicional, de avenidas e quarteirões, e outro mais moderno, de blocos e torres dispostos de forma mais errática ao longo de espaços que deveriam ser mais verdes.



É difícil não associar o bloco "Hotelcar" a uma linha (muito interessante!) de edifícios que se construíram essencialmente nas décadas de 60 e 70 e cuja fonte de inspiração é, pelo menos parcialmente, o Pavilhão Suíço da Cidade Universitária de Paris (1930-33), de Le Corbusier e (do seu primo) Pierre Jeanneret, bem como as grandes unidades de habitação também de Le Corbusier (Marselha, 1945-52, e seguintes).
Em Lisboa, essas obras inspiraram importantes edifícios como o Bloco das Águas Livres (às Amoreiras), as unidades de habitação social de Olivais Norte, os blocos da Av. Infante Santo, o (impressionante) bloco da Rua Açores (bem perto da Embaixada da Rússia, junto à Av. Duque d'Ávila) ou alguns edifícios construídos na cercania daquele que é o grande local de culto de todos os que gostam da estética moderna e internacional: a Fundação Calouste Gulbenkian.

3 Comments:

At 2:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

eu vivo ai :P

 
At 1:11 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Na minha opinião, as escadas não dão acesso da rua (local público) a um local semi público. Dão sim aceso a um local privado, que, por acaso pode ter lojas abertas ao público, ou não, apenas isso, no entanto, sempre houve quem tentasse fazer dele público, usando espaço alheio para actividades várias, algumas delas muito pouco recomendáveis, acontece que quando as coisas se deterioram e necessitam de manutenção, rapidamente deixam de ser semi-públicas e passam a ser privadas.

 
At 1:12 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Na minha opinião, as escadas não dão acesso da rua (local público) a um local semi público. Dão sim aceso a um local privado, que, por acaso pode ter lojas abertas ao público, ou não, apenas isso, no entanto, sempre houve quem tentasse fazer dele público, usando espaço alheio para actividades várias, algumas delas muito pouco recomendáveis, acontece que quando as coisas se deterioram e necessitam de manutenção, rapidamente deixam de ser semi-públicas e passam a ser privadas.

 

Enviar um comentário

<< Home