14 outubro 2007

O Jardim da Música

Não vou falar ainda sobre o grande acontecimento da última semana: a abertura do troço final do Eixo Norte-Sul (IP7), entre a Av. Padre Cruz e o Túnel do Grilo. A razão é simples: na quinta e na sexta-feira, a Calçada de Carriche mostrou-se, algo paradoxalmente, mais congestionada do que é habitual. Provavelmente, muitos odivelenses ainda não conhecem a nova alternativa de entrada (e saída) em Lisboa, pelo que é cedo para se fazer um balanço.
Se me permitem, vou falar antes de uma descoberta que fiz, também na semana passada, na revista Arquitecturas (n.º 29, edição de Outubro de 2007). Trata-se de um projecto que promete ser uma das grandes bandeiras do actual executivo camarário nas eleições de 2009: o Jardim da Música, a construir no actual vazio urbano (um tema muito em moda) entre os Paços do Concelho, o novo Centro de Exposições e a futura Casa da Juventude, ou seja, no terreno do antigo campo de jogos do Odivelas Futebol Clube.
De acordo com o artigo publicado nessa revista, trata-se de um projecto da autoria do arquitecto paisagista Jorge Cancela, do atelier Biodesign, que "promete ser uma alavanca para a reabilitação urbana de Odivelas". Pretende-se criar um "espaço verde urbano" e já não uma praça com estacionamento subterrâneo (como o anterior executivo pretendia) que se venha a assumir como "um ponto de descompressão e de encontro de pessoas e de gerações, com várias valências".
Ainda de acordo com esse artigo, o conceito do futuro jardim "consiste em pegar em elementos da composição do jardim português tradicional e adaptá-los à realidade urbana". O seu desenho será fluído e permitirá passar, "com naturalidade, do pomar até ao campo de aromáticas, passando pelo olival, o prado e a mata". Terá uma praça com um anfiteatro ao ar livre bem como um banco corrido com 80 metros de comprimento coberto por uma pérgola. O poço e a nora já existentes serão preservados. Será construído um caminho de água culminando num espelho de água com funções "micro-climáticas". No entanto, a grande inovação (tecnológica) deste jardim será a inclusão de equipamentos interactivos ligados à música.
Em Odivelas existem mais árvores do que muitas vezes se pensa e se afirma - como os leitores habituais deste espaço bem sabem. No entanto, é notória a falta de um espaço verde com dimensões consideráveis, que possa funcionar como um ponto de referência e de descompressão numa cidade algo tensa e com o conhecido problema da má imagem que transmite para o exterior.
Paralelamente, ainda há poucos meses defendi, no "post" Ainda em torno do Centro Histórico (21.08.2009), que a vida de rua que ainda existe em Odivelas (algo cada vez mais raro nas nossas cidades, infelizmente) pode, e deve, ser canalizada para o Centro Histórico. E que esse centro pode ser um dos espaços mais espectaculares da Grande Lisboa, pelo património (secular) existente, pelo grande sentido urbano do Largo D. Dinis e também pelas potencialidades que encerra o citado vazio urbano.
O Jardim da Música, de acordo com o que é possível vislumbrar através do artigo da revista Arquitecturas, é pois muito bem vindo. A obra deverá arrancar em 2008, para inaugurar em 2009.

3 Comments:

At 4:39 da tarde, Blogger Pedro Cruz Gomes said...

Hum... os prazos parecem-me muito optimistas. Ou me enganaram muito ou o projecto ainda não está feito.

 
At 8:17 da tarde, Blogger Maria Máxima Vaz said...

Só espero que respeitem a História e a ponham em diálogo com a modernidade do projecto. Espero que não se volte a cometer o erro que se cometeu na reconstrução das "casas nobres", à conta do qual levamos todos os anos com a ferrugem a escorrer pelas paredes de alvenaria e pelas magníficas cantarias do velho edifício.
Quem me explica porquê?

 
At 12:25 da tarde, Blogger Maria Máxima Vaz said...

Sobre a Q.ª da Memória,diz o livro das Décimas: "A propriedade do Conde de Santiago, consta de Casas Nobres e a Quinta que se compõe de Pomar de espinho bordado de oliveiras avaliado tudo em quarenta e oito mil e duzentos réis; e terras de semeadura avaliadas em quinze mil e setecentos e cinquenta réis". "Árvores de espinho" são citrinos. É só uma sugestão....., se me é permitido....

 

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