05 agosto 2007

O Pobre Homem Rico

A Colecção "Taschen Público Arquitectos", agora em segunda edição, é já um clássico do Verão português. Ando entretido com o livro dedicado a Adolf Loos, o arquitecto vienense pioneiro do Modernismo que viveu entre 1870 e 1933.
Vale a pena ler o ensaio que escreveu em 1900 intitulado "O Pobre Homem Rico", que é reproduzido na íntegra nesse livro. Começa desta forma:

"Quero contar-vos a história de um pobre homem rico. (...) certo dia, este homem disse para si próprio: «Tens dinheiro e bens, uma mulher fiel e um rancho de filhos que causaria a inveja do trabalhador mais pobre. Mas és feliz? Olha, há pessoas que não têm as coisas pelas quais é invejado, mas as suas preocupações são dissipadas por uma fada mágica: a arte! Mas para ti o que é a arte? Não conheces sequer um nome de um artista. Qualquer pretensioso que apareça à tua porta, o teu mordomo abri-la-á. No entanto, jamais recebeste arte em tua casa! Sei com certeza que ela não virá. Mas agora procurá-la-ei. Será recebida em minha casa como se de uma rainha se tratasse.» Era um homem poderoso, qualquer projecto em que metesse mão fá-lo-ia com vigor e energia. Era também desta forma que fazia negócios. E assim, no mesmo dia recorreu a um famoso arquitecto de interiores, e pediu-lhe: «Traga-me arte, arte para dentro da minha casa! O preço não é problema!»".

O resto do texto, bem aplicável à realidade social portuguesa do Séc. XXI, deixo a cargo do leitor. O livro pode ser adquirido (ou encomendado) em qualquer banca e custa só 4,90 euros. Vale mesmo a pena...

1 Comments:

At 5:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não concordo nada.
Se o indivíduo Rico quer e pode ter bens de consumo, mesmo que não lhe digam nada e não lhes dê utilidade alguma, desde que não ande a roubar, nem a cometer crimes para ter dinheiro para os adquirir, quem somos nós para julgar? O Pobre Homem Rico, só é visto como pobre (de espírito) pelos outros, pois por ele é feliz. E não passamos o tempo todo a apregoar que em primeiro lugar devemos sentir-nos bem connosco próprios? E o Homem Rico é feliz - mesmo que na ignorância - E daí??

 

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