02 julho 2007

Odivelas está a mudar


Tenho vindo a sedimentar a opinião de que a Urbanização das Colinas do Cruzeiro constitui um passo atrás em termos de desenho urbano. A matéria é complexa e não a vou abordar hoje. Peço alguma paciência aos leitores. Por enquanto, é importante seguirem, com cuidado, a série de "posts" que estou a elaborar sobre a "Cidade Radiosa de Odivelas", ou seja, sobre um território da nossa cidade, com sensivelmente 1 km2, que se desenvolve desde a Codivel até à Quinta do Mendes e no qual foram aplicados os princípios do Urbanismo Moderno. Esses "posts" funcionam como um preâmbulo ao tema da "cidade neo-barroca", de que as Colinas do Cruzeiro constituem exemplo paradigmático em Odivelas e, porventura, na Grande Lisboa.
No entanto, considero essa urbanização de extraordinária importância para o futuro de Odivelas. Mesmo não gostando do desenho urbano, "faço figas" para que as Colinas do Cruzeiro resultem, para que se tornem um espaço agradável e emblemático da Cidade.
A razão é simples. Nos últimos 30 anos, a produção urbanística em Odivelas foi dirigida fundamentalmente para aquilo que os homens e as mulheres do Marketing designam como classes "média", "média-baixa" e "baixa" - as "classes trabalhadoras", no dizer de alguns. As razões subjacentes a esse facto são várias, que vão desde lógicas de perpetuação do poder até causas urbanísticas puras, ligadas ao grande "calcanhar de aquiles" do Urbanismo Moderno: o zonamento funcional e social.
Ora, no últimos anos, as urbanizações que têm vindo a ser construídas na nossa cidade dirigem-se a um público muito diferente, habitualmente conotado com a "classe média alta" ou com a "burguesia", consoante o ponto de vista de cada um (neste espaço gostamos - e cultivamos - as diferenças de opinião!). De um público urbano que gosta de casas, carros, bares e cidades bonitas, de "jogging", de andar de bicicleta e de desportos radicais, que é exigente consigo próprio e com os outros, que viaja e não tem vistas curtas, que escolheu Odivelas para viver e é aqui que quer ser feliz, que provavelmente não se revê em muita da classe política deste concelho, que não hesita em "lavar a roupa suja" em público e em empregar vocabulário menos próprio com grande ligeireza. De um público que, em suma, é importante fixar para que Odivelas possa perder, pelo menos parcialmente, a imagem negativa que transmite para o exterior, para que se torne uma verdadeira cidade, onde todas as classes sociais podem (e devem!) coabitar.
Dentro dessas novas urbanizações, as Colinas têm uma posição dominante (como dizem os economistas) devido ao seu gigantismo: 4127 fogos repartidos por 208 lotes - de acordo com o interessante livro Obriverca 20 Anos, editado pela (óptima) editora Caleidoscópio. Quer no blogue Colinas do Cruzeiro quer no Fórum da recentemente criada APUCC - Associação dos Proprietários da Urbanização das Colinas do Cruzeiro é já latente a afirmação dessa nova classe de odivelenses, que domina as novas tecnologias e que não tem medo de represálias, de escrever aquilo que pensa e de gritar por aquilo a que tem direito como retorno dos seus impostos.
Um conselho deste vosso amigo e companheiro de viagem: mantenham-se genuínos e independentes!
Boa sorte!!!

1 Comments:

At 9:36 da manhã, Blogger Luis Filipe said...

Olá

Sou um leitor assíduo do seu web log, e esta é a primeira vez que faço o post de um comentário.
Em primeiro lugar dou os meus parabéns pela qualidade dos artigos colocados que acho de bastante interesse para todos aqueles que habitam em cidades tal como eu. Desta forma fico a aguardar ansiosamente o artigo que prometeu desenvolver ao afirmar que a urbanização das Colinas do Cruzeiro é um passo atrás ao nível de desenho urbano.

 

Enviar um comentário

<< Home