Miradouros (II)
Uma das virtudes da Urbanização da Quinta do Porto Pinheiro foi ter tornado mais acessível a margem direita da Ribeira de Odivelas. A primeira vez que visitei essa operação urbanística fiquei impressionado, pela positiva, com o panorama que se observa do parque de estacionamento junto à Alameda do Porto Pinheiro.
A vista para Nascente-Norte é, de facto, muito interessante. O Instituto de Odivelas surge em grande plano, com o seu arvoredo denso e com as hortas do Vale das Flores. As operações urbanísticas mais bem conseguidas da Cidade estão todas visíveis – em particular, a Quinta do Mendes e o Chapim. Apenas estraga o ramalhete a anacrónica Ribeirada, construída encosta acima ao bom estilo sintrense, e o arranha-céus da Rua D. Nuno Álvares Pereira. Até os cabos de alta tensão surgem algo dissimulados, no meio da urbe.
Esta vista confere à Cidade de Odivelas uma imagem bem mais positiva do que aquela que se retém quando se desce a Calçada de Carriche e se entra na Cidade, favorecendo a relação afectiva com o território. A razão prende-se com o facto de, do citado parque de estacionamento, não serem visíveis os principais “quistos” urbanísticos da Cidade: Arroja, “Torres Gémeas” e área envolvente, Codivel, Bairro dos Cágados e zona envolvente à Rua Major Caldas Xavier.
Seria assim tão complicado e caro aplicar o camartelo ao (ou a pelo menos parte do) dito parque de estacionamento e construir no seu local uma zona ajardinada, com miradouro e esplanada? Note o leitor que esse local de lazer teria sucesso garantido, quer pela proximidade da “super-urbanização” do Porto Pinheiro, quer pelo acesso directo que terá brevemente via Av. Abreu Lopes e EN 250 (após a recente demolição da “casa verde” na Arroja). Aliás, mesmo com parque de estacionamento, o local já é procurado por “mirones”, casais e ciclistas. E até não seria difícil amortizar, pelo menos em parte, a operação de reconversão do parque de estacionamento mediante a concessão da esplanada a privados.
O que falta, então? Dinheiro, tempo, visão dos autarcas ou vontade política?
2 Comments:
Seria um bom exercício para si só começar a chamar arranha-céus a edifícios com mais de 60 pisos. É que não o fazendo corre o risco de, qualquer dia, estar a chamar arranha-céus a algo com mais de 15 andares o que, do ponto de vista arquitectónico é um perfeito disparate.
Gostaria que um dia pudesse publicar no seu blog um qualquer tipo de argumentação que justificasse essa aparente amargura que nutre pelos tais "arranha-céus" que afinal não parecem passar de tacanhas torres.... É apenas a alma lusitana a falar mais alto, uma associação primária entre os arranha céus e o capitalismo que o repugna? Gostava de compreender...
Dar a nossa opinião, não é um combate de "luta livre". A meu ver essa é uma atitude muito primária....
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