17 maio 2006

Entretanto


A edição de ontem do Público (Local) noticiava que “a Assembleia de Freguesia de Agualva decidiu enviar aos ministros do Ambiente, Saúde e Obras Públicas um abaixo-assinado exigindo que a passagem da futura rede de muito alta tensão [Fanhões-Trajouce] seja subterrânea. (...) O documento, aprovado por unanimidade na reunião da assembleia de freguesia (...), considera o projecto da Rede Eléctrica Nacional (REN) «extremamente perigoso e negativo para a qualidade de vida das populações». Os cerca de 50 subscritores consideram que «a ausência de discussão pública impossibilitou que a população que poderia vir a ser afectada tivesse qualquer hipótese de se pronunciar sobre esta pretensão da REN»” (p. 55).
Entretanto, a REN divulgou recentemente o seu Relatório de Contas 2005, onde se afirma que essa empresa “teve, no exercício de 2005, o melhor desempenho operacional de sempre, de par com o melhor desempenho económico, expresso no resultado líquido gerado de 110,7 M€ (milhões de euros)” (p. 6). Note-se que, face aos lucros apresentados em 2004, estamos na presença de um crescimento de 59,7% ! (p. 76). Nada mau para uma empresa em vias de ser privatizada e que presta (?) um serviço público.
Entretanto, na regressada Revista Municipal de Odivelas (edição de Abril de 2006), é afirmado, logo na capa, que “Melhorar a qualidade de vida dos Munícipes é a grande prioridade”. Na entrevista que concedeu a essa revista, a Presidente Dra. Susana Amador se, por um lado, prometeu o Parque da Cidade “neste mandato” e “jardins públicos em todas as freguesias” (p. 15), por outro lado, algo estranhamente, nada afirmou, em concreto, em torno da colocação de limites à pressão urbanística despoletada pelo Dr. Varges, nem tão pouco aflorou o tão incómodo assunto de uma cidade que continua a crescer como se não fosse atravessada por três linhas de muito alta tensão. Aliás, não se compreende, entre as várias reuniões – pertinentes, sem dúvida – que já realizou com altos responsáveis públicos, não ter sido contemplado o presidente do conselho de administração da REN.
Entretanto, há cada vez mais jovens a emigrar em Portugal. Porque será?