25 maio 2006

Hard Urbe


O Concelho de Loures ficou para a história do urbanismo em Portugal como um dos casos tristes e emblemáticos do urbanismo operacional ou funcionalista, ou seja, da construção rápida, económica e em grande quantidade, em que os diferentes lotes e redes se vão justapondo sem uma preocupação clara em criar espaços com urbanidade, com sentido de escala, onde, em suma, apeteça viver.
Como nos revela o, infelizmente já malogrado, Prof. Arq.º José Lamas, em Santo António dos Cavaleiros essa forma de construir atingiu contornos anedóticos, “com prefabricação pesada em que a implantação dos blocos resultava dos movimentos com que a mesma grua construía o maior número de blocos... A ninguém ocorria a forma do espaço urbano resultante quando a tal grua fosse desmontada... Esta singela anedota dá conta do tipo de planeamento «operacional», cujo fim era construir, construir rapidamente, e a baixos custos” (Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, Lisboa: FCG/JNICT, 1992, pp. 363-364).
Esta forma de construir cidade deixou marcas para sempre no território do actual Concelho de Odivelas, sobretudo nas freguesias de Odivelas e da Póvoa de Santo Adrião. As Torres Gémeas, a zona Norte da Codivel e, sobretudo, a Arroja (na foto) são exemplos paradigmáticos de urbanizações construídas segundo essa lógica e que originaram espaços urbanos (e sociais) pouco conseguidos.
Em particular, a escolha da Arroja para implementar as futuras urbanizações PER em nada ajudará a corrigir os erros do passado que os responsáveis do presente parecem ignorar.