A cidade radiosa (I)
O Metro é a forma mais inspiradora de se aceder à Cidade Radiosa de Odivelas. A Estação de Odivelas (2004), da autoria do Arq.º Paulo Brito da Silva, professor da Universidade Lusíada, não deixa margens para dúvidas: estamos a entrar em território "dominado" pelo urbanismo moderno.
De facto, temos formas simples. Temos grandes vãos que parecem colocar em causa as leis da Física. Temos betão aparente. Temos grandes janelas que permitem o interior "entrar" no exterior e vice-versa. E temos canhões ou chaminés de luz como, por exemplo, no Convento de La Tourette (1957-60), pintados com as cores primárias amarelo, vermelho e azul - uma prática utilizada por Le Corbusier em algumas das suas obras mais emblemáticas, nomeadamente na Unidade de Habitação de Marselha (1946-52), no Pavilhão de Exposições em Zurique (1967) ou no referido convento.
O Arq.º Paulo Brito da Silva sublinha, de acordo com o sítio do Metro, que essas chaminés "constituem um sistema de ventilação natural, dispensando os habituais meios de ventilação mecânica, que também admite luz amarela, vermelha ou azul, conforme a hora, o dia, o mês ou as condições climatéricas".
A Estação de Odivelas possui uma intervenção plástica de Álvaro Lapa, denominada Lâmina. De acordo com o mesmo sítio, "é uma série de estudos aumentados e passados a cerâmica tendo como motivo a representação do corpo proprioceptiva e simbólica". Para o artista "é simbolizado conscientemente o devir animal", notando que "Lâmina é anagrama de Animal".
Para além da evocação da cidade moderna, a Estação parece também evocar o passado de Odivelas, ligado à glorificação dos prazeres carnais proibidos.
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