13 julho 2007

Dreamliner

No passado Domingo foi apresentado pela primeira vez em público (em Seattle) aquele que é o mais avançado - e bonito - avião comercial de sempre: o Boeing 787 Dreamliner. Com entrada ao serviço prevista para Maio de 2008, foi o primeiro avião na história da indústria aeronáutica a ultrapassar as 500 encomendas antes de estar ao serviço (já vai com 677).
Um verdadeiro sonho de avião, que já tem uma legião de fãs por todo o mundo e que merece uma visita (demorada) ao sítio http://www.newairplane.com

09 julho 2007

O estado do Urbanismo Moderno em Portugal


A zona Norte do Parque das Nações revela, na perfeição, o estado do Urbanismo Moderno em Portugal.
A cidade das torres e dos blocos assentes em pilotis, dispostos livremente ao longo de parques verdes, não está completamente enterrada. Contudo, já não desempenha o papel principal. É colocada, de forma subserviente e utilitarista, ao serviço da cidade pós-moderna de inspiração barroca, das grandes avenidas de palmeiras e jacarandás coroadas por rotundas exuberantes. É remetida para as zonas mais insalubres e expostas ao que os economistas designam por externalidades negativas: fontes de poluição sonora, atmosférica e/ou paisagística (Ponte Vasco da Gama, Linha do Norte, fábricas de produtos químicos em Sacavém, antiga lixeira de Beirolas) e de odores (ETAR - Estação de tratamento de águas residuais).
Também já não é para todos mas só para alguns. Longe vão os tempos em que a arquitectura era colocada ao serviço do acesso a habitação para todas as classes sociais em boas condições de insolação, vistas, acesso a equipamentos colectivos e a zonas verdes. Hoje, já não se constroem bairros como os Olivais, Portela de Sacavém, Nova Oeiras, Santo António dos Cavaleiros/ Flamenga ou os "nossos" Codivel, Quinta do Mendes ou Chapim.
Hoje, o Urbanismo Moderno é uma espécie de relíquia do passado. Faz-me lembrar o saudoso VW "carrocha", que foi ressuscitado há uns anos mas já não é "o carro do povo". Ou o Mini, também alvo de uma operação de revivalismo acessível a muito poucos.
Em vez de torres no meio de árvores, passámos a ter torres no meio de outras torres, de avenidas e de carros estacionados caoticamente. Mas essa é outra conversa, de que falaremos brevemente.

03 julho 2007

A bomba

Num editorial com o título sugestivo "A eleição enfadonha e o que tem ficado por discutir", José Manuel Fernandes lançou hoje, no Público, uma verdadeira BOMBA relógio. Eis a parte que nos interessa:

"Entre os temas que se deveriam estar a discutir [na campanha para as eleições autáquicas de Lisboa] encontra-se o da organização territorial da grande metrópole de que Lisboa é o centro. Por isso (...) talvez valesse a pena pensar a cidade e na sua área metropolitana tendo como referência duas outras cidades-capital, Paris e Madrid. Ambas são muito maiores, mas em ambas a sua dimensão permite uma gestão mais racional e um governo da cidade com poderes alargados. De Madrid, Lisboa deveria estudar o exemplo do alargamento da área do muncípio original por inclusão de concelhos limítrofes ou de parte deles. (...) Já em Paris poderia analisar o modelo de organização territorial, fazendo desaparecer a actual - e aberrante - divisão em mais de meia centena de freguesias, substituída por uma estrutura de bairros equivalentes aos arrondissements parisienses, cada um deles com a sua câmara-mairie".

Há muito tempo que não se via alguém "colocar o dedo na ferida" da Grande Lisboa de forma tão directa e pedagógica. Nos últimos tempos tem vindo a consolidar-se na opinião pública - muito por culpa da instabilidade financeira e política quer do Concelho de Lisboa quer de alguns concelhos limítrofes, nomeadamente Odivelas - a ideia de que há algo errado nos limites administrativos das autarquias da Grande Lisboa.
Os actuais limites da Cidade de Lisboa remontam ao longínquo ano de 1886, quando foram abolidos os concelhos de Belém e dos Olivais. Até essa data Lisboa terminava sensivelmente num arco formado pela ruas Maria Pia e Marquês da Fronteira - Av. Duque de Ávila - Largo do Leão - Rua Morais Soares - Av. Afonso III. É curioso que, ainda hoje, quem mora em Benfica, em Carnide, em Telheiras, no Lumiar ou nos Olivais raramente diz, espontaneamente, que vive em Lisboa - naquilo que é, talvez, uma herança de um passado em que esses lugares não pertenciam a Lisboa.
Ora, nos últimos 30 anos a Cidade de Lisboa não pára de perder população e, simultaneamente, os custos da respectiva "manutenção" não param de aumentar. Em contrapartida, vive cada vez mais gente, nomeadamente, na primeira coroa de suburbanização, sem que os limites administrativos de Lisboa se tenham alterado. Para se ter uma pequena ideia dos números envolvidos, só nos concelhos da Amadora e de Odivelas vivem mais de 320 mil almas, quando em Lisboa residem 565 mil (de acordo com as estimativas do INE para 2005).
O debate que José Manuel Fernandes lançou é simples e intuitivo: dadas as crescentes dificuldades, nomeadamente, financeiras em gerir as autarquias da Grande Lisboa, não faria sentido estudar um eventual alargamento da Cidade de Lisboa, diria eu, até aos limites impostos pela CREL entre o Alto da Boa Viagem e Loures e, partir daí, pelo Rio Trancão (dado que a CREL, um pouco depois de Loures, inflecte de forma acentuada para Norte)?
Tal solução levaria à absorção por Lisboa dos concelhos da Amadora e de Odivelas bem como das freguesias de Oeiras e Loures encostadas a Lisboa. Naturalmente, uma solução desse tipo teria que passar também pela criação de uma espécie de arrondissements como sugere José Manuel Fernandes, que garantisse alguma liberdade de actuação, nomeadamente, aos dois concelhos que seriam extintos.
Eis aqui um tema, seguramente muito polémico, mas infinitamente interessante, cuja opinião dos leitores deste espaço muito se apreciaria.

02 julho 2007

Odivelas está a mudar


Tenho vindo a sedimentar a opinião de que a Urbanização das Colinas do Cruzeiro constitui um passo atrás em termos de desenho urbano. A matéria é complexa e não a vou abordar hoje. Peço alguma paciência aos leitores. Por enquanto, é importante seguirem, com cuidado, a série de "posts" que estou a elaborar sobre a "Cidade Radiosa de Odivelas", ou seja, sobre um território da nossa cidade, com sensivelmente 1 km2, que se desenvolve desde a Codivel até à Quinta do Mendes e no qual foram aplicados os princípios do Urbanismo Moderno. Esses "posts" funcionam como um preâmbulo ao tema da "cidade neo-barroca", de que as Colinas do Cruzeiro constituem exemplo paradigmático em Odivelas e, porventura, na Grande Lisboa.
No entanto, considero essa urbanização de extraordinária importância para o futuro de Odivelas. Mesmo não gostando do desenho urbano, "faço figas" para que as Colinas do Cruzeiro resultem, para que se tornem um espaço agradável e emblemático da Cidade.
A razão é simples. Nos últimos 30 anos, a produção urbanística em Odivelas foi dirigida fundamentalmente para aquilo que os homens e as mulheres do Marketing designam como classes "média", "média-baixa" e "baixa" - as "classes trabalhadoras", no dizer de alguns. As razões subjacentes a esse facto são várias, que vão desde lógicas de perpetuação do poder até causas urbanísticas puras, ligadas ao grande "calcanhar de aquiles" do Urbanismo Moderno: o zonamento funcional e social.
Ora, no últimos anos, as urbanizações que têm vindo a ser construídas na nossa cidade dirigem-se a um público muito diferente, habitualmente conotado com a "classe média alta" ou com a "burguesia", consoante o ponto de vista de cada um (neste espaço gostamos - e cultivamos - as diferenças de opinião!). De um público urbano que gosta de casas, carros, bares e cidades bonitas, de "jogging", de andar de bicicleta e de desportos radicais, que é exigente consigo próprio e com os outros, que viaja e não tem vistas curtas, que escolheu Odivelas para viver e é aqui que quer ser feliz, que provavelmente não se revê em muita da classe política deste concelho, que não hesita em "lavar a roupa suja" em público e em empregar vocabulário menos próprio com grande ligeireza. De um público que, em suma, é importante fixar para que Odivelas possa perder, pelo menos parcialmente, a imagem negativa que transmite para o exterior, para que se torne uma verdadeira cidade, onde todas as classes sociais podem (e devem!) coabitar.
Dentro dessas novas urbanizações, as Colinas têm uma posição dominante (como dizem os economistas) devido ao seu gigantismo: 4127 fogos repartidos por 208 lotes - de acordo com o interessante livro Obriverca 20 Anos, editado pela (óptima) editora Caleidoscópio. Quer no blogue Colinas do Cruzeiro quer no Fórum da recentemente criada APUCC - Associação dos Proprietários da Urbanização das Colinas do Cruzeiro é já latente a afirmação dessa nova classe de odivelenses, que domina as novas tecnologias e que não tem medo de represálias, de escrever aquilo que pensa e de gritar por aquilo a que tem direito como retorno dos seus impostos.
Um conselho deste vosso amigo e companheiro de viagem: mantenham-se genuínos e independentes!
Boa sorte!!!

Esclarecimento em torno dos comentários

Este blogue utiliza o "Blogger" do Google que possibilita filtrar a publicação de comentários, evitando ataques a este espaço por parte de pessoas menos escrupulosas ou que praticam um estilo que não se coaduna com a linha editorial adoptada. No entanto, o autor deste blogue apenas pode decidir se publica ou não os comentários, não podendo editar sequer uma letra dos comentários que lhe são dirigidos.
Desta forma, agradeço que os prezados leitores não utilizem a caixa de comentários para me enviarem mensagens ou textos que são apenas para publicar parcialmente, dado que eu (nem ninguém) pode alterar aquilo que é "de seu dono". Nesses casos , agradeço o envio de uma mensagem para: pedro_afonso@sapo.pt
Esta observação justifica-se pelo recente caso de um comentário enviado pelo prezado leitor António Ribeiro que apenas pretendia que eu publicasse uma parte do mesmo. Deixo aqui apenas o texto passível de publicação, com as devidas desculpas ao seu autor:

«Caro Pedro Fernandes,
O Odivelas de Cimento não é blog oficioso nem oficial de partido algum.
Quem acompanha com frequência os posts lá colocados já leu fortes criticas à CDU, bem como aos principais responsáveis pelo estado em que se encontra este país, PS/PSD.
Senão vejamos as suas palavras:
"Estamos perante um bom exemplo do falhanço do Estado em toda a sua linha, não apenas da Administração Local, mas também da Administração Central e do Estado enquanto accionista de empresas públicas que prestam serviços públicos."
Todos estes organismos de que fala têm ou tiveram, nos últimos anos, pessoas da confiança do PS/PSD a geri-los.
Apesar de sermos críticos em relação aos diversos partidos da nossa vida política, reconhecemos que só o candidato Ilídio Ferreira tinha todas as características para fazer um bom trabalho à frente da Câmara de Odivelas. Assumimos isso nas últimas eleições autárquicas de 2005 e reafirmamos tudo o que dissemos.
"O território muda a velocidade alucinante. Odivelas já faz parte da Metrópole. E os seus políticos, também?"
E os moradores do concelho o que têm feito? É fácil falar mal dos políticos, difícil é sair de casa para participar na vida colectiva, não é, caro Pedro.»
António Ribeiro