Deixemos a neve e passemos às curiosidades históricas. Hoje vamos falar de um grande admirador das freiras de Odivelas: o rei D. Afonso VI.
Amante da vida boémia, é sobretudo conhecido por sua mulher, D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, o ter trocado pelo irmão, ou seja, pelo cunhado dela, o futuro rei D. Pedro II. Obrigado a abdicar (em 1667), D. Afonso VI fica detido em Sintra, no Palácio da Vila. Reza a tradição que aí terá passado os últimos anos da sua vida (morreu em 1683), tendo sido o chão do seu quarto gasto pelos seus passos (cf. Manuel de Sousa,
Reis e Rainhas de Portugal, Mem-Martins: SporPress, 2000, pp. 121-122).
Muito deve ter sofrido D. Afonso VI com saudades de Odivelas, na bela Vila de Sintra:
“Uma instituição monástica, o convento das freiras de Odivelas, às portas de Lisboa, deu que falar até finais do século XVIII e ficou na história de Portugal como paradigma da vida freirática da época. Ali, freiras e noviças enfeitam-se de flores e usam luvas presas com fitas, que deixam ver pulseiras cravejadas de pedras preciosas. D. Afonso VI é visitante assíduo do convento, onde mantém encontros amorosos com noviças muito jovens. As religiosas cantam canções «indecentes», dançam e exibem-se perante o rei em trajes masculinos” – explica-nos Dejanirah Couto, em
História de Lisboa (Miraflores: Gótica, 2003).
D. Afonso VI teve duas freiras preferidas em Odivelas. Como Manuel Bernardes Branco refere: “D. Feliciana de Milão fôra amante de D. Affonso VI; este, porém, deixou-a para travar de amores tambem com outra freira d’Odivellas, por nome D. Anna de Moura” (
op. cit., pp. 129-130), que alimentaram acesa disputa pelo monarca. Notar que Ana de Moura era irmã de Gil Vaz Lobo Freire, o fundador da Ermida de Nossa Senhora do Monte do Carmo, hoje integrada na Biblioteca Municipal D. Dinis (cf. “post”
Como era bela ..., de 09-01-2006). Boa vida!